quarta-feira, 24 de junho de 2009

29 de maio de 2009
Um bom começo
O Ministério da Educação acaba de lançar um pacote de medidas que mira um problema crucial do ensino – a péssima formação dos professores, vastamente aferida no Brasil – e o fazem de maneira acertada. Um dos pontos mais relevantes diz respeito a mudanças nos cursos de pedagogia, notoriamente incapazes de fazer aquilo que deveriam: fornecer às escolas professores prontos para ensinar. Atualmente, as faculdades, teóricas ao extremo, se prestam mais à formação de especialistas em educação do que propriamente de gente apta a dar uma aula. Com o novo pacote, os cursos de pedagogia, federais e particulares, serão obrigados a dedicar 70% do seu currículo à formação específica de professores – só o resto ficará voltado para disciplinas menos aplicadas à sala de aula. A proporção hoje é justamente oposta. E o curso não funciona.
Há outras medidas que podem ter bom efeito, como oferecer vagas àqueles profissionais que, já na ativa, ainda não têm o diploma de ensino superior, como prevê a lei. É o caso de 31% dos professores do ensino básico – uma vergonha frente à situação de outros países, nos quais a universidade é só o ponto de partida para uma formação sólida e abrangente. Melhorar esse cenário é imperativo para o avanço do ensino.
O MEC também está preocupado com a seleção dos professores – precária. Nesse sentido, vai exigir que todos os estudantes interessados em cursar pedagogia não apenas façam o novo Enem como tirem uma boa nota no exame. Uma tentativa de ficar apenas com os melhores da turma, como já ocorre em países de excelência na sala de aula, tipo Finlândia. A intenção é boa, mas resta saber como atrair esses alunos mais talentosos para uma área desprestigiada e com péssimos horizontes salariais. A experiência mostra que, para mudar isso, não basta apenas mais dinheiro, que é primordial, mas de uma verdadeira transformação na própria carreira. Não importa a que área pertençam, os melhores sempre buscam ter o talento reconhecido e incentivado, além de novos e estimulantes desafios. No Brasil, é preciso correr, e muito, para chegar a esse ponto. O pacote apresentado pelo MEC pode ser um bom começo. Por Monica Weinberg - 15:47
 
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